4 de abril de 2008

e acha melhor parar de olhar

"Bang, bang! You are dead!"

Atravessa a rua, sobe o pequeno e úmido degrau, seus pensamentos são inconstantes e incertos, não sabe exatamente o quê pensar, tampouco no quê pensar. O dia chuvoso não colabora. Depara-se com uma vitrine empoeirada, dentro dela, um manequim com roupas de três estações atrás, seus olhos vidrados o atraem, lembram-o de alguma coisa, um toque familiar, uma sensação estranha e envolvente. Olhando o manequim, pensa em pessoas que não conseguem tirar a roupa de três estações atrás e a cada dia sentem-se mais ligadas a ela, como se a roupa, pouco a pouco, envolvesse intensamente o corpo, mas de forma suave, quase imperceptível, e quando menos percebessem, ela faria parte de seu corpo, como um órgão vital.
O vidro, apesar de empoeirado, reflete seu rosto, seus olhos estão quase no mesmo nível que os olhos do manequim e então, a semelhança é percebida... Seus olhos são iguais aos do manequim, exatamente iguais.


(A ambigüidade presente no texto é intencional.)

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Poesia esculpida em carbono, oxigênio e nitrogênio.